por Wilson Ramos , Subinspetor da Guarda Municipal
Naquela noite silenciosa, parei diante dos portões do Clube Gresfi e me deixei envolver pelo brilho de sua arquitetura iluminada. Ali estava eu, Subinspetor Wilson, não apenas fardado para o serviço, mas também vestido de memória e emoção. À frente dos meus olhos, erguia-se não só um clube, mas um símbolo vivo da história de Foz do Iguaçu.
O que para muitos hoje é ponto de encontro e lazer, para mim sempre foi referência de passado. Ali, onde se destaca o avião vermelho como sentinela do tempo, funcionou o primeiro aeroporto de Foz. Imagino os dias em que os motores roncavam, os aviadores arriscavam o desconhecido e a cidade ainda engatinhava rumo ao futuro. Cada parede, cada detalhe da construção carrega o peso desse pioneirismo.
Enquanto observava a imponência do Gresfi, senti que o prédio me contava segredos. Falava de uma Foz ainda pequena, mas já ousada. Falava de gente simples, mas corajosa, que acreditava em horizontes maiores. Ali, naquela fusão de clube e aeroporto, nascia o espírito de fronteira: sempre aberto ao novo, sempre pronto para o desafio.
Olhei para a fachada, para o avião imóvel, e pensei comigo: “Aqui, começou o voo de Foz do Iguaçu.” E percebi que, de alguma forma, estar diante daquele lugar era também estar diante da minha própria história como guarda municipal — um vigia da memória, um zelador da cidade que aprendi a amar.
E assim, entre a farda e a lembrança, entre a noite e a luz dos refletores, deixei que o Gresfi me lembrasse que somos todos passageiros do tempo. Alguns decolam, outros aterrissam, mas a vida, como esse velho aeroporto, sempre encontra um jeito de seguir adiante.
Wilson Ramos , Subinspetor da Guarda Municipal